Por Camila Moura de Barros
Nesses últimos dias, um dos assuntos de que mais se comentou foi a propaganda de Gisele Bündchen ára HOPE, onde ela "ensina" as mulheres brasileiras como contar uma notícia ruim aos seus maridos, mas da maneira correta. Primeiro ela aparece vestida, mostrando a maneira errada, e depois, com uma lingerie da marca HOPE, demonstrando a maneira certa. A mensagem da propaganda é sobre o poder da sensualidade da mulher brasileira, que fica ainda mais aguçado ao usar uma lingerie da marca HOPE. Entretanto tal mensagem não foi captada e ao invés do que a marca almejava - que as pessoas achassem engraçado o uso de problemas cotidianos e uma solução inusitada para os mesmos -, conseguiu uma polêmica criada pelas feministas de plantão, que ficaram chocadas com a propaganda.
A Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), ligada ao governo federal, pediu ao CONAR a retirada do comercial do ar e a secretária Iriny Lopes justificou o pedido dizendo que a mensagem das peças é discriminatória e preconceituosa. Além disso, as reclamações consistem também na alegação de que a propaganda reforça o estereótipo da mulher como objeto sexual de seu marido e ignora todos os avanços que temos alcançado para desconstruir práticas e pensamentos sexistas - ou seja, a marca ignora todos os sutiãs queimados em praça pública por nossas antepassadas. Em resposta, a marca afirma que a propaganda era apenas uma maneira bem-humorada de falar sobre o poder da sensualidade da mulher brasileira e que utilizando uma lingerie HOPE seu poder de convencimento será ainda maior. “Os exemplos nunca tiveram a intenção de parecer sexistas, mas sim, cotidianos de um casal. Bater o carro, extrapolar nas compras ou ter que receber uma nova pessoa em sua casa por tempo indeterminado são fatos desagradáveis que podem acontecer na vida de qualquer casal, seja o agente da ação homem ou mulher”, justificou a marca. A marca ainda argumenta que utilizou uma das mulheres mais bem sucedidas do mundo para a propaganda, exatamente para não ter sua mensagem mal interpretada.
Sim, você viu essa propaganda recentemente na sua televisão: a decisão do CONAR foi de permitir a veiculação da propaganda. Como justificativa da decisão, o relator do processo afirmou: "os estereótipos presentes na campanha são comuns à sociedade e facilmente identificados por ela, não desmerecendo a condição feminina". A declaração do relator desagradou ainda mais a SPM que retrucou dizendo: "Um dos papéis da SPM, estabelecido no Capítulo 8 do Plano Nacional de Políticas para as Mulheres, é justamente o combate aos estereótipos". Apesar de todo a discussão, o governo afirmou que não recorrerá no caso. Mas a secretária Iriny Lopes continua inquieta e diz que se sentiu censurada no caso da propaganda, pois o debate não foi levado a sério e houve uma polêmica desproporcional em volta do mesmo.
A secretária Iriny Lopes reclama de uma polêmica que ela mesma causou, em volta de uma propaganda que não é nada mais que "engraçadinha". Cada vez mais o politicamente correto invade as mídias e a liberdade de expressão - já podada no Brasil - diminui progressivamente. É claro que deve haver ética e bom senso, mas o politicamente correto extrapola e nem mesmo piadas inocentes passam impunes. O preconceito, seja pelo sexo, raça, valores ou religião, é abominável, entretanto nem todas as colocações são sexistas ou homofóbicas. A mulher moderna e independente, que sabe o que quer, é também inteligente e entende a diferença entre humor e deboche.
Fontes: UOL, Band, Globo, IG.
19 de out. de 2011
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